A chegada das redes sociais transformou ainda mais o cenário. Muitos desses comentaristas tradicionais expandiram sua influência para plataformas digitais, onde interagem diretamente com o público. “O ambiente digital é um campo minado”, observa André Kfouri, analista esportivo." Um comentário mal interpretado ou uma opinião controversa pode viralizar e comprometer a confiança construída ao longo de anos." Casagrande, por exemplo, é conhecido por suas opiniões fortes e, por vezes, polêmicas. Sua atuação na internet tem seu alcance ampliado, mas também a coloca sob constante escrutínio. "Os riscos são maiores hoje. Antes, um comentário restrito à TV, agora ele ganha o mundo em segundos", diz Kfouri.

​

A figura do comentarista esportivo na era digital não se restringe apenas à análise dos jogos. Muitos se tornaram influenciadores, utilizando sua notoriedade para promover produtos, participar de campanhas publicitárias e até se envolver em causas sociais. “É uma extensão natural do que fazemos na TV, mas com um toque pessoal”, afirma Ronaldo, que possui milhões de seguidores em suas redes sociais.

​

Uma recente pesquisa divulgada pelo site E-Investidor revelou dados interessantes sobre a relação dos brasileiros com ex-jogadores de futebol nas redes sociais e suas expectativas quanto às posturas públicas dessas figuras.

De acordo com o levantamento, uma expressiva maioria de 75% dos brasileiros seguem ex-jogadores de futebol em suas redes sociais. Esse dado demonstra a influência e o impacto contínuo que esses atletas têm na vida dos fãs, mesmo após encerrarem suas carreiras nos gramados.

No entanto, quando se trata das opiniões públicas desses ex-jogadores, as opiniões dos brasileiros são divididas. Cerca de 60% dos entrevistados acreditam que os ex-atletas devem adotar uma postura neutra em suas declarações públicas. Para esse grupo, a neutralidade é vista como uma forma de evitar polêmicas e manter uma imagem mais imparcial.
 

Por outro lado, 40% dos brasileiros defendem que os ex-jogadores deveriam ser mais críticos em suas opiniões sobre a gestão do futebol. Esse segmento da população espera que os ex-atletas utilizem suas plataformas e experiências para apontar falhas e sugerir melhorias no esporte.

Esses dados refletem a complexidade das expectativas dos fãs em relação às figuras públicas no mundo do futebol e ressaltam o papel significativo que os ex-jogadores ainda desempenham no cenário esportivo e social do Brasil.

A recepção de ex-jogadores de futebol é frequentemente ameaçada pela expectativa de que eles mantenham uma relação harmoniosa com os torcedores. Gustavo Rodrigues, um estagiário do site da BandSports, apresentou recentemente sua perspectiva sobre essa questão em uma entrevista. Segundo ele, a relação entre os ex-jogadores e os torcedores é fundamentalmente baseada na paixão do público pelo esporte. Qualquer ação ou palavra que possa prejudicar essa paixão pode levar a um fato negativo e, consequentemente, prejudicar a confiança do ex-jogador. Gustavo enfatiza que a paixão é um fator crucial nessa interação, pois os torcedores esperam que os ex-jogadores mantenham uma conexão emocional com o esporte e com a comunidade. Qualquer falha nessa expectativa pode levar a uma perda de status e respeito por parte dos torcedores, tornando difícil para o ex-jogador manter sua confiança intacta. Essa dinâmica é especialmente relevante no futebol, onde os jogadores são muitas vezes idolatrados e seus erros são amplificados pela mídia. A pressão para manter uma boa relação com os torcedores é intensa, e qualquer ação que possa ser interpretada como uma ameaça à paixão do público pode ter consequências negativas para a confiança do ex-jogador.

Em entrevista com o professor pós graduado em jornalismo esportivo, Guy Almeida, ele comenta: “O esporte não pode ser visto como só tática, tem que ser visto como arte, o problema é que é tudo desequilibrado. Tinha que mesclar de uma forma mais disseminada”.