Por Constanza Quintale
São Paulo
O Roubo da Mona Lisa: 113 Anos de um dos Maiores Crimes no Mundo da Arte
O desaparecimento não só abalou o mundo da arte como também transformou a segurança dos museus e a fama da obra de Leonardo da Vinci. Confira uma entrevista exclusiva com o perito em análise de obras de arte Douglas Quintale.

Mona lisa pintada por Leonardo da Vinci e Vincenzo Peruggia autor de seu roubo (Imagem: Reprodução)
Em 21 de agosto de 1911, a Mona Lisa foi roubada do Louvre por Vincenzo Peruggia, um pintor italiano. O roubo chocou a França e o mundo, desencadeando uma busca frenética pela obra. A recuperação da pintura dois anos depois e o julgamento de Peruggia não só catapultaram a Mona Lisa ao status de uma das obras de arte mais famosas e valiosas do mundo, mas também revolucionaram o campo da segurança em museus e instituições culturais.
O icônico roubo da Mona Lisa, uma obra-prima de Leonardo da Vinci, permanece um dos episódios mais fascinantes e significativos da história da arte. No início do século XX, a Mona Lisa, embora admirada, não gozava da imensa popularidade que tem hoje. Tudo mudou em 21 de agosto de 1911, quando Vincenzo Peruggia, um pintor italiano que trabalhava no Louvre, executou um audacioso plano para roubar a pintura.
O Roubo e a Busca Frenética:
Na manhã de 21 de agosto de 1911, Vincenzo Peruggia entrou no Louvre disfarçado com um uniforme branco, semelhante ao usado pelos empregados do museu. Ele e dois cúmplices esconderam-se em um armário até o museu fechar. Ao amanhecer, com o Louvre ainda fechado ao público, eles saíram do esconderijo. Peruggia retirou a Mona Lisa de seu lugar na parede e a escondeu sob seu casaco. Os três homens deixaram o museu sem levantar suspeitas.

Foto da parede do Louvre onde se encontrava o quadro em 1911, pouco após ter sido roubado. (Imagem: Reprodução)
O desaparecimento da pintura foi descoberto na manhã seguinte, quando o pintor Louis Béroud chegou ao Louvre para fazer uma cópia da Mona Lisa e encontrou o espaço vazio. A polícia foi rapidamente chamada, mas o roubo já estava consumado. A notícia se espalhou rapidamente, provocando um alvoroço na imprensa e entre o público. A polícia francesa iniciou uma busca frenética, interrogando suspeitos e investigando pistas, mas o paradeiro da obra permaneceu um mistério por dois anos.
O roubo da Mona Lisa não apenas destacou a vulnerabilidade das instituições culturais, mas também trouxe à tona a necessidade de segurança reforçada. O perito em análise de obras de arte, Douglas Quintale, explica: "O roubo da Mona Lisa, apesar de a obra não ter o impacto social e artístico que tem hoje, abriu os olhos para os casos de roubo de obras de arte. Foi um marco que transformou a estrutura museológica dos museus completamente."
Esse evento histórico influenciou diretamente as práticas de segurança adotadas em instituições culturais ao redor do mundo. Museus passaram a implementar medidas de segurança mais rigorosas, incluindo a instalação de sistemas de alarme, vigilância por câmeras e procedimentos mais rigorosos de controle de acesso.
A Recuperação da Mona Lisa:
Após dois anos de intensa busca e inúmeras teorias sobre o paradeiro da obra, a Mona Lisa foi finalmente recuperada. Peruggia tentou vender a pintura a um marchand de arte em Florença, Itália, alegando que sua intenção era devolver a obra à sua terra natal. No entanto, ele foi descoberto e a Mona Lisa foi devolvida ao Louvre.

Vincenzo Peruggia após ser pego pelo roubo em 1913. (Imagem: Reprodução)
Métodos de Autenticação da Época e Influência Cultural:
Segundo Douglas Quintale, "os exames forenses da época eram muito incipientes. A contribuição para a recuperação da obra foi pequena nesse caso." Naquele tempo, a verificação da autenticidade de obras de arte era feita principalmente por meio da análise de especialistas, que comparavam a técnica, o estilo e os materiais utilizados com os de outras obras conhecidas de da Vinci.
O roubo da Mona Lisa teve um impacto duradouro não apenas na segurança dos museus, mas também na percepção pública da obra. Antes do roubo, a Mona Lisa era uma das muitas obras-primas do Louvre. Após sua recuperação, tornou-se um ícone mundialmente reconhecido. "Esse evento transformou a maneira como a Mona Lisa é apreciada hoje em dia," afirma Quintale. "Elevou a obra a um status ainda mais icônico, tornando-a uma figura central na cultura popular."

Louvre, França - Paris. (Imagem: Reprodução)
Hoje, a Mona Lisa é protegida por um vidro à prova de balas e um sistema de segurança altamente sofisticado, refletindo as lições aprendidas com seu roubo em 1911. O episódio não apenas reforçou a importância da segurança nas instituições culturais, mas também solidificou o status da Mona Lisa como uma das obras de arte mais célebres do mundo. Além disso, o fascinante roubo continua a cativar a imaginação popular, sendo tema de vários filmes e documentários, como o documentário: The Missing Piece: Mona Lisa, Her Thief, the True Story de 2012 disponível abaixo: